Um grande e conceituado jogador de paintball aqui do Rio de Janeiro não poderia ficar de fora
do meu blog, um cara inteligente e que diz o que pensa, aliás;
eu concordo também com muita coisa que diz e pensa!
LSN: Fala Coelho! Beleza?
COELHO: E Ai LSN! Tranquilo!
LSN: Como anda o Pinta a Pua?
COELHO: Tudo caminhando! No cenário estamos reconstruindo o time depois de separar as coisas. No Speed, a galera tá se esforçando pra honrar o apoio da Planet Eclipse/BMW, treinando e se preparando para os torneios que vão rolar aqui pelo Rio durante esse ano.
LSN: Como é isso, não é mais um só Pinta a Pua? COELHO: Não. A divisão foi necessária por vários motivos, entre eles que o time que virou apenas Speed não tinha mais tempo e disposição para jogar também cenário. Nos juntamos agora apenas em datas comemorativas ou ocasiões especiais.
LSN: E você ficou de que lado?
COELHO: Cenário.
LSN: Mas por quê? Você é um jogador com características de speed, não?
COELHO: Mais ou menos, Lsn. Assim como todo mundo, comecei no cenário e a questão estratégica sempre me atraiu.
Adoro jogos de combate e história das guerras, mas sei diferenciar o que é fantasioso no jogo e o que é o jogo.
Paintball é um esporte, um jogo de perde ganha como futebol ou qualquer outro, e particularmente tenho um espírito competitivo muito à flor da pele.
Esse lance de ser mais speed ou mais cenário pra mim é apenas uma confusão que virou um mito, uma lenda. Se você perguntar por aí entre os times que começaram bem depois que eu comecei, vão todos dizer “O Coelho é jogador de Speed” e isso da boca de quem mal me conhece ou conhece Speed, afinal saberia que jamais participei sequer de treinos oficiais do Pinta a Pua jogando Speed.
LSN: HEHEHE, mas já te vi jogando!
COELHO: Sem dúvida. Devo ter participado de uns 3 ou 4 treinos no total até hoje, mas posso te afirmar que se me atraísse mais que cenário, eu tava no PP SPEED! Só acho que pra ter uma opinião, a gente tem que experimentar aquilo que vai comentar e criticar. Não há duvidas que aprender e praticar técnicas de speed melhoram o nível técnico do jogador de cenário, mas muitas vezes por preconceito bobo o cara SE impede de evoluir; Pior que isso, tenta convencer os outros que aquilo que ele não gosta é ruim. Grande parte do “conflito” cenário x speed vem daí!
LSN: Mas também tem o lance dos marcadores, do custo;
COELHO: As pessoas tendem a acreditar na verdade que lhes parece mais conveniente.
Por exemplo. “Marcador eletrônico é muito caro! Custam 3,4 até 5000 reais”LENDA!
Você pode comprar uma excelente Vibe da Smart Parts por cerca de 600 reais NOVA e aqui. Marcador de 3 a 5000 é marcador profissional PARA PROFISSIONAL de Speed. Chega a ser esquisito um marcador desse dentro de campos de cenário, pq geralmente quem usa um desses, não tem mais interesse em cenário. Aí você me rebate: “mas não é só isso! Tem que comprar Loader eletrônico e cilindro de AR COMPRIMIDO, e quase nenhum campo tem "AR” Relativo: A vibe que citei acima trabalha perfeitamente com CO2. Até concordo que a maioria dos eletrônicos pede ar, mas ainda assim depende do modelo e a forma que o cara joga.
De qualquer forma, o Ar comprimido embora dê mais trabalho (dependa de scubas de mergulho que são recarregadas apenas em locais especializados para mergulho a cerca de R$ 20 – que dá autonomia a 1 jogador para MUITOS jogos) tem também suas vantagens, pois permite tiros mais precisos, gera menos manutenção no marcador e permite que o jogador visualize sempre a quantidade de ar restante, para não ser pego de surpresa sem gás como acontece com a maioria dos marcadores a CO2 muitas vezes durante um jogo.
A parte do Loader também é relativa. Se você quer o marcador eletrônico para jogar speed ou jogar com uma cadência de tiro muito alta, você precisa de um bom loader eletrônico sim.
Mas se você vai atirar comedidamente, NÃO PRECISA, pois o loader gravitacional comum consegue alimentar até 6bps. Não é nenhum exagero, mas também não é nenhuma porcaria!
O que eu quero dizer no fim é: Com cerca de R$ 800/900 você compra um kit de marcador eletrônico completo. Quem e COMO vai atirar bolinhas depende apenas do jogador.Particularmente me viro muito bem em 60% dos meus jogos com apenas as 200 bolinhas do loader... e olha que 30% das vezes volto com ele ainda meio carregado! hehehe
LSN: Mas insisto no assunto... não tem como comparar o marcador eletrônico com o mecânico!COELHO: Pô cara... isso é outra lenda!
As pessoas reclamam de jogar com mecânicos contra eletrônicos por 2 motivos:
Cadência e Precisão.
A MR2 é um marcador eletrônico. Os E-grips e os RTs acoplados nas Tippman e BTs são acessórios que dão cadência muitas vezes superior aos marcadores eletrônicos. As pessoas ficam falando que marcador eletrônico é caro, é speed é para elite (playboys) mas parece esquecer que gasta tranquilamente 30 bolinhas numa rajada com e-grip! Caro é BOLINHA e como eu disse, cada jogador gasta como acha mais produtivo.Pessoalmente acho excesso de tiro altamente improdutivo e CARO no cenário.
Quanto ao custo de marcador, montar uma A5 custom com todos os acessórios sai mais caro que compra uma Planet Eclipse EGO 08!
No fim ainda tem a diferença que no marcador eletrônico é VOCÊ quem programa o modo de tiro. Você pode deixar no semi-auto pra dar 1 tiro por puxada, no burst para dar 3 por puxada, no full-auto (que é muito raro) ou no preferido de quem gosta de cadência, que é o RAMPING.
Nesse modo, você entra em full auto controlado pela placa do marcador depois da 3ª puxada de gatilho sincronizada... ou seja... se vc dá 2 ou 3 tiros, eles saem 1 a 1, geralmente pra alvos próximos ou de precisão. Se você quer largar muita bolinha, continua apertando e eles vão sair em sequencia. A grande diferença nesse caso, é que por questões de regras nas competições de Speed existem limites para os modos Ramping; Portanto a maioria dos marcadores permite que você PROGRAME essa quantidade de bolinhas por segundo que a arma vai atirar.
Os atuais limites dos principais torneios atualmente são de apenas 10BPS! Os caras bons dão mais que isso NO DEDO, uma a uma, portanto o ramping é um recurso hoje em dia útil, mas muito menos “letal” do que se imagina.
Pare pra pensar que o full-auto de uma MR2 dá 22 bolinhas por segundo! É um absurdo! Mas pare para pensar que: Se podemos programar o marcador eletrônico para dar X tiros por segundo no Speed, porque não pode fazer o mesmo para cenário? No fim ambos atiram bolinhas, e a cadência é parecida. O que acaba pesando é que alguns jogadores ainda acham que um marcador caracterizado como arma de verdade intimida mais o adversário... mas é um JOGO! Então, quem define com qual tipo de marcador vai jogar é exclusivamente o jogador... e se o jogador PREFERE jogar com um equipamento “inferior”, de quem é a culpa? Dos que preferem jogar com os equipamentos mais modernos? Se o cara gosta, ele tem que ser feliz com aquilo e aceitar que outros tenham gosto diferente ao invés de segregar.
O lance da precisão também tem suas explicações óbvias. Todo mundo fala que é por causa do cano apenas. Precisão em paintball é um conjunto de vários fatores.
Vou te listar os básicos:
1- Bolinha. Não espere que a bolinha barata de campo, toda ovalada, amassada e endurecida tenha a mesma precisão de uma bolinha de competição.
As pessoas muitas vezes não sabem, mas a diferença de custo de uma bolinha razoável para uma BOA bolinha é de cerca de 35 reais por caixa em média.
Claro que faz diferença no bolso, mas pra treino é uma coisa, mas em jogos mais importantes, você prefere pagar um pouco mais ou passar aquela raiva de ter errado o alvo? Pior que isso, a bolinha mais barata não quebra tão bem no alvo quanto a mais cara.
As vezes você acerta o teu adversário e fica PUTO porque ele não se “acusou” Errado.
O cara checou e a SUA BOLINHA barata que não estourou!
2- Distância. Paintball é um jogo de combate curto. Não adianta você achar que vai tirar o cara a mais de 40mts COM TODA A CERTEZA porque não vai.
A bolinha perde força, muda de direção com o vento e variando com o marcador, perde também precisão. Não há red-dot ou mira laser que obriguem um projétil volátil, grande e com tão pouca massa quanto uma bolinha de paintball de sequer “lembrar” armamento/munição real no quesito precisão.
Até mesmo a distâncias menores, algo pode acontecer, portanto nunca dou apenas 1 tiro, e sim 2 ou 3 no alvo, só pra me certificar.
3- Marcador. Claro que ele influi, e vou explicar resumidamente aonde mora a diferença. Marcadores mecânicos usam molas e travas. Marcadores eletrônicos usam apenas o próprio gás/ar para fazer movimentar os mecanismos internos. Isso faz com que a tecnologia mais apurada dos eletrônicos permita que os tiros sejam muito mais “parecidos” e constantes em força bolinha a bolinha. Por ser menores, ter menos massa, reduz-se também o “kick” (Recoil ou coice). Mesmo sendo irrisório quando comparado a uma arma de fogo, o kick de um marcador mecânico é muito maior que o de um eletrônico, e isso em uma sequencia de tiros, pode comprometer a precisão.
A questão da mira também é delicada. Quem usa marcador eletrônico curto, aprende desde sempre que não há visada ou mira artificial de apoio. O cara tem que aprender rapidamente a mirar no “feeling” da arma e por conta disso ele acaba ficando mais “rápido” no processo: Identificar alvo, fazer mira, atirar. O tempo do 2º para o 3º estágio de um usuário de marcador eletrônico é muito mais curto do que o cara que ainda vai posicionar o(s) olho(s) em uma alça de mira, red-dot ou mesmo laser projetado. Além do mais, geralmente o marcador eletrônico é mais curto e leve, tem um equilíbrio razoavelmente bom e te dá mais liberdade de movimento por não ter ligações externas como remotes. Fora isso, nos marcadores eletrônicos, você encontra refinamentos tecnológicos de ponta e canos de 2 ou 3 estágios com “inserts” (que são canos dentro dos canos) para aproximar mais o diâmetro do cano ao calibre da bolinha e obter a maior precisão possível.
É simples. Marcadores mecânicos existem há dezenas de anos. Chegaram ao seu ápice tecnológico há algum tempo. Já os eletrônicos são relativamente bem recentes, uma novidade praticamente, e mesmo tendo o ápice da tecnologia possível em uma pequena geringonça de atirar bolinhas, todo ano as fabricantes desenvolvem novas patentes e descobrem como simplificar ainda mais o processo de fabricação;
LSN: Caceta... que aula!
COELHO: Hehehe Tomara que todo mundo leia e se interesse; Vão descobrir muito mais coisas interessantes e perceber que o marcador não faz jogador. Quem atira é você, quem se posiciona em campo é você, quem tem o ímpeto ou a falta dele é você. Seu marcador é apenas sua ferramenta... então porque não usar as melhores ferramentas? Quando comprei meu 1º marcador, pensei no que seria mais versátil. Eu achava a A5 Custom do Togakure o MÁXIMO, quase comprei uma MR2, mas acabei decidindo por uma SP Ion porque com ela ia poder jogar meu cenário e se quisesse, treinar speed. Adivinha qual marcador tenho até hoje? A mesma SP ION!E acabo de provar que não é questão de custo e sim de uma visão que poucas pessoas disseminaram. Infelizmente isso é um fenômeno quase que exclusivamente Brasileiro.
Fui em campos no Chile e acompanho notícias da SPPL americana. Lá os jogadores com mecânicas e eletrônicas convivem harmoniosamente em jogos e confrontos;
LSN: E porque você acha que isso não acontece aqui?
COELHO: Falta de informação, contexto social, e principalmente falta de visão de empresários do ramo e alguns jogadores.
LSN: Agora vai ter que explicar... tu é polêmico mesmo, então relaxa e FALA!
COELHO: Hehehe Esse lance do polêmico, começou mais por conta de uma falta de bom senso da minha parte mesmo... uma espécie de “mão pesada” que podemos chamar também de língua afiada demais. Eu não evitei certos conflitos e atitudes que realmente devia ter evitado, mas no começo posso te dizer que foi até de propósito... eu me fiz de centro das atenções mexendo com os brios de algumas pessoas; Por exemplo o Luis Nunes, que era dos Wikings na época e hoje está no INK. Fui fazer uma brincadeira com ele no fórum e acabei sendo de péssimo gosto.
Mas hoje em dia nos damos super bem e trocamos mensagens sem ressentimentos. O lance é que com PESSOAS você tem como se retratar, mas com entidades é bem mais difícil. Naquela época, não existia nem o Pinta a Pua! ainda... apenas um embrião... mas já tinham alguns poucos grupos que jogavam quase que isoladamente. Pergunte a quem é dessa época. Conseguir marcar um jogo com mais de 12/14 pessoas era por si só um grande EVENTO de paintball cenário, que estava praticamente morto depois de muitos anos do incidente de Copacabana (que os garotos saíram de carro com marcadores e atiraram em prostitutas e travestis na orla; o caso foi pras delegacias e jornais, e o paintball foi caçado pela mídia ficando “adormecido” por vários anos.).
No início de 2007, houve o Big Game da Mercenários no interior de São Paulo, e muitos jogadores do Rio puderam se conhecer. A partir dali, surgiu um dilema. Qual era o propósito de criar times uma vez que não havia competições. Nesse momento eu puxei a coisa justamente pro lado mais “animal” da coisa, colocando alguma pilha e apimentando disputas entre os agora 2 únicos “times” que se expunham em fóruns como o pintabrasil, que eram os Wikings e o Pinta a Pua. Rapidamente foram “aparecendo” outros grupos que estavam se formando, como os Federais, GSG9 e Rangers, assim como outros, mas que ainda não tinham tanto ritmo de jogo como esses. Jogos-contra aconteceram, e o 1º grande torneio, que foi o Middle Game no Distrito 22 acabou sendo a fagulha inicial do sistema de times (agora MUITOS) que reina hoje no Rio de Janeiro. De uma certa forma, meu “plano” deu certo, pois pipocaram times pra todo lado... mas também houveram efeitos colaterais.
No próprio Middle Game, houveram conflitos e acusações, brigas e farpas que ficaram até hoje. Como eu falava demais, acabei me expondo demais e o resto da história você conhece.Cada um vê o seu ponto de vista e não acha nunca que está errado. Eu estava em alguns, admito, procurei me afastar dessas polêmicas de fórum até...
LSN: ...até que vazou o fórum interno de vocês!
COELHO: Isso! Mas de uma forma desleal e manipulativa.
Muitas mensagens que foram “espalhadas” ali, tinham mais de 1 ano. Eram de um período aonde ainda misturávamos as coisas, aonde desconfiávamos de tudo e todos. A gente falava o que achava internamente, da mesma forma que você comenta de outras pessoas entre amigos ou em casa. Ninguém é só elogios, ninguém é só defeitos. CLARO que tinha A ou B que foi pego pra Cristo... muito mais num tom de zoação infantil boba do que injúria como foi colocado. A gente fazia piada pra rir entre a gente, e não pra diminuir os outros publicamente. Fazia as críticas do que acreditávamos ser ruim para o esporte e isso só dizia respeito a gente. Opinião é que nem... você sabe né!?Além do mais, com o tempo essas “brincadeiras” de mal gosto e fofoquinhas foram perdendo espaço frente as discussões do time. Somos o 3º mais freqüente utilizador do sistema de fóruns gratuito que assinamos, com mais de 12500 posts em menos de 2anos de site. Acredite... nem um centésimo desses posts são “ofensivos” ou voltados a falar do outros times/grupos/indivíduos. Fora que... quem mais perdia a linha dentro do nosso fórum era justamente quem não era do time... mas evitemos nomes. Usamos DEMAIS o fórum para assuntos estratégicos, informações de marcação de jogos, campos, big-games, trocas de dicas sobre equipamentos, organização financeira do time, eventos extra-paintball, táticas em jogo e etc. Na boa... se a gente gastasse mais tempo falando dos outros, não teríamos obtido os resultados que obtivemos em campo.
LSN: Realmente. O PP foi um time que ganhou tudo em 2007 e 2008. Mas e esse ano?
COELHO: Como te disse, com o desmembramento, do Cenário e Speed, começaremos tudo da estaca zero novamente no cenário... eheheh isso se deixarem que a gente jogue, né?
LSN: Como assim?
COELHO: Se você reparar, as novas entidades, que tanto prometeram união e aproximação dentro do esporte, até agora pouco mostraram de concreto nesse aspecto. Já houve alguns poucos eventos apoiados pela FEPERJ e no primeiro deles, algumas confusões que não havia antes. No último torneio apoiado, no The Brothers, embora mais “particular” pela própria natureza do evento, achei estranha a proibição de um jogador que queria jogar com um marcador eletrônico dentro de um time já tradicional de cenário “puro” como costumo dizer.
E olha que fui lá assistir o torneio, muito bem organizado e tranqüilo, excelente local e acho que NUNCA vi um torneio cenário com tantos elementos de speed! Desde as regras com One by One/By two, arbitragem/rangers com escudos e até a saída com os jogadores voltados contra o campo!
LSN: Você falava anteriormente que aqui no Brasil é diferente essa relação do “cenário puro” com o que? Speednário?
COELHO: Ehehe! Esse é um termo que o nobre TADEU (agora do GTP) inventou ano passado. Ele jogava no RANGERS que assim como o Pinta a Pua! nasceu em estilo mais “militarizado” com marcadores em maioria mecânicos e roupas camufladas... acredite... eu tinha minha gandola, tenho até hoje o coturno e sempre joguei com a mesma calça camuflada de rip-stop! Até o UNIFORME do Pinta a Pua é uma camisa longa reforçada com camuflagem urban ou selva comprado todo na MILITAR BRASIL, fora o meu colete que é estiloso, cumpadi!
Com o tempo, a gente que jogava MUITO começou a desgastar demais as roupas e viu que nos treinos durante a semana a noite, era bobagem detonar os uniformes. Fora que o campo era de brita, e o coturno se desfazia e ficava impossível de limpar. Sem querer, percebemos que dava pra usar roupas comuns, mais leves. Aos poucos fomos “nos livrando” do excesso de equipamentos e roupas. Ficávamos mais leves e ágeis durante os jogos. E isso foi dando resultados. Some isso a algumas técnicas de speed que aprendemos ali ao lado do cenário e pronto... Eis o que o Tadeu convencionou speednário. Nada além do bom e velho cenário sem a equipagem completa que parece necessária mas no fundo não é.
Paintball se resume a acertar uma bolinha no corpo do adversário. Jamais tiramos isso da mente, e isso para a gente basta. Outra coisa que caracterizou, é que com o tempo a gente foi vendo as vantagens dos marcadores eletrônicos comparando com os mecânicos, e quase todo o time aderiu... e como marcador eletrônico AINDA é associado quase que exclusivamente ao speed, criou-se esse preconceito bobo. Conheço várias pessoas que tinham marcadores mecânicos e passaram para eletrônicos, assim como o contrário, e vivem bem com isso jogando cenário da mesma forma.
Outra questão hoje em dia, é que aconteceu a “militarização radical” de vários times, porque um acaba copiando o outro no quesito “fantasia”. Vivo perguntando, por exemplo, qual a função de um coturno em um campo comercial. Concordo que o coturno é um calçado mais seguro contra detritos cortantes e entorses, mas a princípio se um dono de campo deixa ferros, vidros ou objetos cortantes dentro do seu campo para os clientes comuns, que vão lá para pagar pela hora de jogo e com certeza não vão de boot, o cara é irresponsável e suicida comercial, podendo ser processado feio se acontecer um acidente mais pesado ali dentro.
Então te pergunto: Se os locais já são pré adaptados pra clientes que não usam coturno, por que eles tem que ser obrigatórios em eventos “oficiais” nesses mesmos locais? Calçados de esportes evoluem para tirar o máximo de performance possível de cada esporte! Imagina se nos Jogos Olímpicos Militares os caras corressem de coturno, andassem de bicicleta usando coturno apenas porque são militares? O que ocorre é que o coturno é uma peça “fundamental” da “fantasia militar” e quem iniciou isso quer nivelar por aí, proibindo que se jogue com o que cada um prefira e/ou se sinta mais a vontade; É a contra-mão do esporte! É como eu te dizer: -“Lsn! Vamos disputar uma corrida até ali na frente? Mas só pode de chinelo, ok? ”E você fica espantado e argumenta: -“Mas por que só de chinelo??? Prefiro ir a pé então! ”E eu te dou a seguinte resposta: - “Então você não pode correr, porque pra mim corrida tem que ser de chinelo, afinal aqui todo mundo gosta de usar chinelo pra ficar parecido!”
LSN: Mas não seria a parte legal do cenário justamente se caracterizar?
COELHO: Para certas pessoas isso é mais importante até mesmo que o jogo em si, e aí que mora o perigo, porque o paintball deixa de ser visto como esporte e vira uma “batalha entre clãs” aonde vale mais a vitória sobre o outro que a prática do esporte. É uma pena quando se pensa assim, pois os jogadores lidam pior com as frustrações e de maneira deselegante com as vitórias. Mas você perguntou sobre a caracterização, os acessórios, vestimentas e tal; Alguns gostam da “fantasia” – no sentido de incorporar o herói militar que alguns não tiveram a oportunidade de vivenciar por não terem servido nas forças armadas- Outros são ex-militares que gostam de relembrar a nostalgia de quando serviram.
Não tenho nada contra. Acho que cada um faz o que quer e como quer, mas é um pouco demais você querer que todo mundo se vista igual você, cheio de acessórios, usando um coturno que não te deixa ficar agachado por muito tempo e com uma roupa grossa preta em pleno verão carioca! Na boa... aos poucos fui me livrando ao máximo de todo tipo de acessório que me esquentasse mais. Eu suo MUITO, e isso faz com que minha máscara embace a noite e de dia atrapalha meu raciocínio. Tomar tiro de bolinha na pele DÓI, mas com o tempo você acaba acostumando. E isso sem querer também foi outro adianto. Quando você se ACOSTUMA a tomar tiro de paintball, perde o receio de fazer jogadas mais arriscadas... é um pequeno receio geralmente inconsciente e natural de sofrer aquela “dor”, mas sem as proteções, você acaba até melhorando seu jogo!Portanto acho que cada um tem que ser livre para se vestir completamente militarizado para jogar ou se vestir o mais despojado o possível. O que não pode é achar que o cara despojado está “maculando” o cenário, pois não existe qualquer evidência que os equipamentos e roupas sejam fundamentais. O que está DENTRO da roupa é que faz o jogador. Quem gosta de usar todos os acessórios tem que assumir a responsabilidade de que aquilo pode prejudicar o seu desempenho em campo. No fim, se ele não for bem no jogo, a culpa não é de quem não está caracterizado igual a ele, e sim DELE ter escolhido aquela opção.Imagine que você decide apostar aquela mesma corrida do chinelo, e decide que vai levar uma mochila com 10 garrafas de água para uma prova de 100mts. Se o cara que correr contra você for sem nenhuma garrafa e ganhar, a culpa é dele, porque ele correu sem garrafas?
Outro detalhe importante aí é a questão das roupas de speed. Acho certo proibir roupas de speed no cenário, até porque é estúpido o cara jogar todo colorido em ambientes aonde ele precisaria ficar mais camuflado o possível, então jogar assim já me parece mais um ato de provocação do que uma necessidade em si, mas há confusões e desinformação. Dizem que roupa de speed (Jerseys e calças feitas para speed) “não estouram” bolinha. Isso é desconhecimento absoluto, mais uma lenda que corre de boca em boca e é falada por pessoas que sequer tocaram uma Jersey até hoje pra ver que elas são finíssimas e possuem acolchoamento específico e ultra reduzido apenas em pontos chave para serem mais resistentes e em quantidades mínimas ditadas por regras muito severas do próprio speed, que não quer ver ninguém ganhando jogo porque está “protegido” contra tiros. A calça é a mesma coisa, sendo super reforçada para agüentar movimentos bruscos e aberta por dentro para “refrigerar” o jogador. Não tem qualquer acolchoamento. A grande discórdia veio dos “CHEST PROTECTORS” que são coletes usados por baixo de jerseys ou até camisas comuns e que tem células de espuma mais grossa, que em certos casos acabam dando “bounce” (quicando as bolinhas) sem estourar mesmo. Foi um acessório desenvolvido exclusivamente para treinos (pois não é permitido em torneios) e para evitar que os caras saíssem todos roxos depois de um treino específico aonde ele atiram uns nos outros sem obstáculos na frente. Acho que a questão é simples. Faz como no speed! Se o cara for pego usando CHEST PROTECTOR em um campeonato, o time dele está eliminado!
LSN: Te pergunto novamente! O que mais diferencia o cenário aqui no Brasil? Tá tentando me enrolar é?
COELHO: Mal... é que vc faz perguntas diferentes! Eu dizia que falta informação, boa vontade dos empresários do ramo (às vezes nem isso... é despreparo administrativo e de marketing mesmo) e ainda tem o contexto social desfavorável.Quando digo que falta informação, é o seguinte. Quais são as modalidades de paintball na sua opinião?
LSN: Ué... cenário e speed.
COELHO: Só?
LSN: Bem... tem o RA também.
COELHO: Ok.O que difere basicamente speed de cenário?
LSN: Pô... quase tudo! O campo, as regras, os bunkers, a quantidade de bolinhas rsrsrsrs!
COELHO: Correto, mas vou ser mais incisivo.Speed é uma modalidade única, que foi criada para permitir competições com o maior grau de equilíbrio entre os adversários possível.Desde as regras, as dimensões curtas do campo, os infláveis como bunkers espelhados (ou seja, na mesma posição para um lado e para o outro). A própria denominação “Speed” de velocidade, não é apenas porque os caras correm como alucinados ou porque atiram milhares de bolinhas rapidamente, mas porque além disso, as partidas são quase sempre muito CURTAS, ou seja VELOZES, justamente para que muita gente jogue, para que um torneio seja ECONOMICAMENTE viável.É o mais próximo que o paintball vai ter do profissionalismo.
É o mais próximo que o paintball vai ter do profissionalismo.
LSN: Interessante! E o cenário?
COELHO: É praticamente TUDO que sobra. Nele temos os cenários Urban, o Wood (mato) e mesmo os cenários históricos. Cenário quer dizer meramente REPRESENTAÇÃO.
E isso é diferente de SIMULAÇÃO. Você tem SIMULAÇÃO quando reproduz com absoluta fidelidade um local ou situação, por exemplo, o interior de um avião. Até algum tempo atrás, usava-se marcadores de paintball em treinamentos de certas operações de combate, mas o paintball mostrava alguns inconvenientes. Li uma vez que inclusive o US Army (que usava paintball para algumas instruções) baixou uma ordem de acabar com treinamentos utilizando os marcadores em certas situações de treino.
Simples: Concluíram após investigação detalhada, que algumas baixas em operações no Iraque aconteceram justamente por causa de treinamentos prévios com paintball. Alguns soldados buscavam abrigo contra fogo inimigo atrás de obstáculos simples e leves, sem se tocar naquele instante que diferentemente de BOLINHAS DE TINTA, tiros de 7.62 das AKs inimigas eram feitos para atravessar até blindagens leves... portanto...
LSN: Bizarro!
COELHO: Pois é. Paintball não é simulação de guerra. É um jogo e ao meu ver tem que ser tratado como jogo se queremos que cresça como esporte. Para simulação, hoje em dia se usa o RAM: Real Action Marker, que tem calibre menor que bolas de paintball convencional, usam as vezes talco/farinha ao invés de tinta e são mais rápidos, precisos e parecidos em vários aspectos com armamento real. Só que aí, entra o contexto social que falei antes; Presta bastante atenção nos campos de paintball que existem hoje por aí.
São praticamente todos “construídos” em ruínas de antigas construções, galpões ou a céu aberto com montes de pneus, barris, obstáculos básicos de madeira. O Investimento de infra geralmente é pequeno, são mais as adequações para que os clientes tenham aonde se vestir, e um local para guardar e preparar equipamentos. Muitos em áreas de risco, cercados por comunidades carentes. Eu, você, estamos muito acostumados a visitar ocasionalmente esses campos, jogar de vez em quando, e geralmente quando chegamos lá, ainda ta rolando algum jogo comercial; Quais são as frases que a gente escuta da molecada ou mesmo marmanjada que mora na região? “Bota a cara!! Vou te pegar, alemão! Morre verme! Aqui é CAVERA! - PERDEU, PERDEU!” Etc etc e etc. Não tou dizendo que ali tem sempre gente de movimento ou milícia ou qualquer coisa... apenas é uma reprodução deles do que eles convivem, conhecem, vêem na TV, nos filmes. Rapaz... o que apareceu de “Capitão Nascimento” em time de paintball depois de TROPA DE ELITE não tá no Gibi! heheheh
O Rio de Janeiro é uma guerra civil não declarada. É um grande centro que diferentemente de outros no mundo, as crianças sabem de cor modelos e marcas de armamentos exclusivos de forças armadas! Temos notícias todos os dias de criminosos usando armas de grosso calibre contra a polícia e população de bem! O que acontece? O que vai chamar mais atenção dos novatos em paintball? Os campos com o “caveirão” desenhado na carcaça de um carro, os marcadores iguaiszinhos aos fuzis que eles conhecem tão bem de nome, mas a maioria sequer chegou perto de um até hoje (mas entendem a representação de poder que um deles exerce no nosso quotidiano atual) OU um campo de speed, com jogadores correndo com suas jerseys coloridas e marcadores caríssimos, que embora pareçam ser melhores que o “AR 15” de mentirinha, não “impõe o respeito”????? Além do mais, algo que é verdade é o custo do esporte. Não é a toa que tenhamos apenas uns 5 campos de speed no eixo Rio-Niterói e DÚZIAS de cenário. Pra jogar speed realmente tem que atirar muita bolinha, sem parar, porque é uma modalidade que geralmente você só tira o adversário quando ele erra. Portanto, não tem como comparar. Aqui o “empresário” de paintball, quer mais que o Speed se exploda, afinal ele não vai querer perder o cliente do campinho de cenário dele. É mais inteligente e prático para ele falar que marcadores mecânicos de melhor qualidade como as A5, X7, BTs são o que há de melhor, e que o cara ainda vai tirar onda se customizar ela todinha como uma arma de verdade. EU temo que um dia ainda tenhamos uma notícia triste por conta de algum acidente ou confusão por parte de bandidos ou mesmo polícia com um jogador de paint portando um marcador desses, mas hoje em dia apenas torço para que isso nunca aconteça;
No Chile e EUA é diferente. As modalidades se respeitam porque quase sempre aonde há um campo de Cenário, o dono monta um de speed. E vice-versa.
Nos eventos grandes de cenário, como a SPPL, os times já entenderam que jogadores rápidos de ataque tem que usar marcadores eletrônicos, enquanto os defensores ficam a vontade para usar mecânicas; Assim você vê jogos de cenário eletrizantes, sem qualquer “antipatia” entre os estilos.Você já parou pra pensar que se não existisse essa “speedofobia” e houvessem outros campos de speed, algum empresário mais profissional e visionário podia ter a BRILHANTE idéia de criar um campo comercial DE SPEED, alugar VIBES e vender MUITO MAIS BOLINHA e a um preço menos salgado por ganhar na quantidade, mantendo assim o campo e a manutenção desses marcadores? E isso de quebra ainda ia fazer o preço da bolinha cair pra gente! O problema é que começar sozinho é sempre arriscado, não? HeheheMas talvez assim, quem sabe os “símbolos” dentro dos jogos de paintball não fossem polícia nem comandos... e sim ATLETAS famosos aqui, e quem sabe lá fora, como o Xalo Almeida.
LSN: Porra Coelho... Sinistro, mas isso realmente faz sentido! E tem como mudar isso?
COELHO: Tudo pode ser mudado... basta trabalhar e focar em uma direção única.
Não faltam empresas interessadas no perfil do jogador de paintball dispostas a patrocinar eventos. Eventos tem que circular muita gente, e hoje em dia o “ego ferido” de poucos evita que haja entendimento e união VERDADEIRA para alavancar eventos realmente grandiosos, que chamem atenção da mídia e com isso de patrocinadores verdadeiros para o esporte. É simples. Basta tratar o paintball como esporte e a coisa anda.
LSN: Tem algum exemplo?
COELHO: Os X Games são um exemplo. Os esportes dos X-games são famosos e chamativos, mas alguns tem pouca penetração do grande público. Mesmo assim, quando transformados em SHOWS e devidamente expostos na mídia, acontece o que acontece com eles. Televisionados pela globo, ESPN, cheio de patrocínios, apresentações de bandas famosas. Investe-se no ESTILO do esporte e faz-se torneios de exibição. Já imaginou uma arena de paintball montada na praia de Copacabana com arquibancadas para milhares de pessoas? No dia em que se entender melhor essa lógica e sairmos das fraldas do egoísmo de tentar mostrar um ao outro quem é melhor, quem sabe não tenhamos um esporte reconhecido e que traga muito mais que medalhinhas e trofeuzinhos aos vencedores de torneios.
LSN: Você deve estar falando de eventos iguais ao PSP ou NPPL na Califórnia né? Vê só que imagem linda...
COELHO: Isso mesmo LSN, coisa lindda de ver...
LSN: Poxa... muito legal esse ponto de vista. Você me surpreendeu, pois eu pensei que você gostava mesmo é de zoar e arrumar confusão, mas acho que essa entrevista é uma revelação muito boa.
COELHO: Que nada... são seus olhos gatinho!
LSN: RSRSRSRSRSRSRS... bem... então vamos encerrando por aqui. Algum recado?
COELHO: Pra quem? Pra minha mãe pro meu pai e pra você? Passei dessa idade! Ehehehe Mas fica a dica... quem teve paciência de ler essa porra toda e ainda tem qualquer duvida, marque um chopp ou melhor... um JOGUINHO de paintball! Terei o maior prazer de tirar todas as dúvidas sobre tudo o que falei!
Ah! O Pinta a Pua! Está renovando patrocínios! Pode ser sua chance! Faça como a Coca-cola, Volkswagen, Boeing e Microsoft! MANDE SUA PROPOSTA PARA A GENTE! Com sorte, assim como uma dessas empresinhas, você também pode virar patrocinador exclusivo do Pinta a Pua! E não esqueçam do site! http://www.pintapua.com.br/
LSN: Ahahhahaah FIGURA! Um abraço e valeu aê a entrevista!
COELHO: Foi um prazer... e agora falando sério, estou lançando um serviço para empresas no fomento de R.H. Em conjunto com uma psicóloga renomadíssima no ramo. São testes de apditão em cargos internos, seleção para contratação, realocação de quadros e exercícios motivacionais para empresários e funcionários de empresas USANDO O PAINTBALL. Uma ferramenta já conhecida entre grandes empresas e que pode estar ao alcance de pequenas e médias empresas a um custo benefício sensacional.
Se tiver curiosidade, mande um mail para coelho_rj@hotmail.com
Fica ai então mais uma entrevista com o grande e "polemico" jogador COELHO do Pinta Pua...
Abraço e até a próxima !!!